Jujubas de cupuaçu geram renda e incentivam boas práticas ambientais em comunidade indígena de Roraima
Produtora de Pacaraima transforma tradição amazônica em negócio sustentável com impacto regional

Na comunidade indígena Kauwê, localizada no município de Pacaraima (RR), a produtora Vera Lúcia encontrou no cupuaçu muito mais do que um fruto amazônico: viu nele uma oportunidade de fortalecer sua renda familiar, valorizar tradições e fomentar boas práticas ambientais.
A ideia surgiu de forma simples: ao experimentar uma receita de jujuba com a polpa da fruta, Vera percebeu que havia potencial para um novo negócio. Com o passar do tempo, a produção saltou de poucos quilos para uma média de 30 quilos mensais, sempre mantendo o cuidado artesanal e o compromisso com a natureza.
A pequena agroindústria da família adota técnicas agroecológicas, como compostagem, adubação orgânica e reaproveitamento de resíduos. As embalagens, feitas com papel reciclado, são confeccionadas por outra moradora da comunidade, gerando renda e incentivando o trabalho coletivo.
“Nunca precisei de empréstimos nem de investidores. Tudo que temos foi conquistado com o lucro da produção”, destaca Vera.
Com a crescente demanda, ela passou a adquirir polpas de outras comunidades indígenas de Roraima e até do Amazonas. Para atender à legislação sanitária, adaptou um imóvel na área urbana como agroindústria certificada.
Hoje, além das jujubas, Vera também produz café, licor e condimentos naturais como cúrcuma, urucum e pimenta rosa — todos com gestão independente e reinvestimento contínuo.
O trabalho da produtora ganhará destaque nacional no Amazontech 2025, no espaço “Amazônia Sustentável”, evento que reúne comunidades, empresas, pesquisadores e órgãos públicos em torno da bioeconomia e da inovação amazônica.
A história de Vera Lúcia é exemplo vivo de como saberes tradicionais, quando valorizados e aliados à sustentabilidade, podem transformar realidades locais e inspirar o desenvolvimento regional.
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