Lideranças indígenas ocupam sede do DSEI Leste e cobram soluções imediatas na saúde
Mobilização pacífica exige nomeação de coordenação e melhorias nos serviços essenciais prestados às comunidades indígenas de Roraima

Um grupo de lideranças indígenas de Roraima realizou, nesta quarta-feira (14), a ocupação simbólica da sede do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Leste, localizada no bairro São Vicente, zona Oeste de Boa Vista. O ato, de caráter pacífico, integra a agenda do 5º Acampamento Terra Livre (ATL-RR) e busca chamar atenção para o que os organizadores denunciam como um cenário de abandono e fragilidade na assistência à saúde indígena no estado.
O protesto denuncia a ausência de uma coordenação nomeada no DSEI Leste, o que, segundo as lideranças, tem paralisado decisões e agravado a crise de atendimento nas áreas indígenas. Falta de medicamentos, escassez de equipes médicas e falhas na remoção de pacientes em áreas remotas estão entre os principais pontos de pauta.
“Nossa presença aqui é um pedido de socorro coletivo. Precisamos de gestão comprometida, com nomeação imediata e respostas práticas. A saúde dos nossos parentes não pode mais esperar”, declarou uma das líderes do movimento, professora e militante Tereza Macuxi, durante pronunciamento à imprensa.
O movimento indígena afirma já ter apresentado um nome de consenso para assumir a coordenação do distrito, mas até o momento não houve posicionamento oficial do Ministério da Saúde nem do Ministério dos Povos Indígenas. A permanência no local será mantida por tempo indeterminado, como forma de pressão institucional.
🔸 Falhas históricas e urgência de mudanças
Segundo representantes de associações indígenas, a precarização do sistema de saúde nas comunidades tem se intensificado nos últimos meses. Relatórios internos e reuniões comunitárias revelam que os problemas vão desde ausência de transporte fluvial e aéreo para remoção de pacientes até ausência de insumos básicos e estrutura defasada em unidades de base.
"Não é a primeira vez que denunciamos isso. Mas é a primeira vez que decidimos não sair enquanto não formos ouvidos de fato", afirmou um dos líderes dos povos Wapichana, reforçando que o cenário atual representa riscos concretos à vida dos povos originários.
🔸 ATL-RR amplia alcance político das pautas locais
O Acampamento Terra Livre, em sua quinta edição estadual, foi montado na Praça Ovelário Tames Macuxi, no Centro Cívico de Boa Vista, e reúne indígenas de diversas etnias de Roraima. Além da crise na saúde, o evento também reforça mobilizações contra pautas legislativas consideradas prejudiciais aos direitos indígenas, como a Lei do Marco Temporal e propostas que viabilizam a exploração de terras indígenas para mineração.
Durante as plenárias do ATL-RR, lideranças também criticaram a lentidão do Supremo Tribunal Federal nas mediações de conflitos territoriais e cobraram mais transparência nos diálogos com os órgãos federais.
O acampamento, que deve seguir até o fim da semana, reafirma a disposição dos povos indígenas de Roraima de manter a mobilização até que medidas concretas sejam anunciadas pelo governo federal.
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